sexta-feira, 15 de maio de 2009

A carta do chefe Seatle

Em 1997, participei da formação de multiplicadores do seminário A Arte de Viver em Paz, criado por Pierre Weill. Foi nesta época que passei a conhecer a visão holística. Numa das vivências deste seminário conheci a carta do chefe Seatle. Seu conteúdo é adequado para este ciclo de degradação ambiental, tempo em que Gaia precisa de constantes cuidados. Continuo me emocionando com a mensagem de Seatle, por isso deixo que suas palavras sirvam de referência para o discurso veiculado em nosso blog.

A Carta

“Em 1854, o governos dos Estados Unidos propôs comprar uma ampla extensão de terra dos índios, promotendo criar, em troca, uma reserva indígena. A resposta do chefe Seatle, aqui transcrita integralmente, tem sido considerada a mais bela e profunda declaração jamais feita sobre o meio ambiente.” (Referência a carta e conteúdo são oriundos do Manual de formação de multiplicadores da Arte de Viver em Paz)

A carta do chefe Seatle

“Como se pode comprar ou vender o firmamento ou mesmo o calor da terra? Esta idéia nos é desconhecida.
Se não somos donos da frescura do ar, nem do reflexo das águas, como vocês poderão comprá-los?
Cada parcela desta terra é sagrada para o meu povo.
Cada verdejante mata de pinho, cada grão de areia das praias, cada gota de orvalho nos bosques escuros, cada montanha e até o ruído de cada inseto são sagrados para a memória e o passado do meu povo.


A seiva que circula pelas veias das árvores leva consigo a memória dos peles-vermelhas.
Os homens brancos que morrem esquecem seu país de origem quando passeiam entre as estrelas; no entanto nossos mortos nunca podem esquecer esta terra bondosa, já que ela é mãe dos peles vermelhas. Somos parte da terra, assim como ela é parte de nós.


As flores perfumadas são nossas irmãs; o veado, o cavalo, a grande águia, nossos irmãos. As montanhas íngremes, os campos úmidos, o calor do corpo do cavalo e o homem, todos pertecem a mesma família.
Por tudo isso, quando o Grande Chefe de Washington, nos envia esta mensagem, dizendo que quer comprar nossas terras, nos está pedindo demasiado. O grande chefe também diz que nos será reservado um lugar para que possamos viver confortavelmente. Ele se converterá em nosso pai e nós em seus filhos. Por isso, estudamos a sua oferta de comprar nossas terras. Isto não é fácil, já que esta terra é sagrada para o nosso povo.


A água cristalina que corre pelos rios e riachos não é somente água; ela também representa o sangue de nossos antepassados.
Se lhes vendermos a terra, deverão sempre se lembrar que ela é sagrada e, por sua vez, também deverão ensinar a seus filhos que é sagrada e que cada reflexo fantasmagórico das águas clara dos lagos conta os sucessos e memórias de vida da nossa gente.
O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai. Os rios são nossos irmãos e saciam a nossa sede; levam nossas canoas e alimentam nossos filhos.

Se lhe vendermos nossas terras, vocês deverão lembrar sempre e ensinar a seus filhos que os rios são nossos irmãos e que, também, são irmãos de vocês e, portanto, deverão tratá-los com o mesmo carinho com que se trata um irmão.

Sabemos que o homem branco não compreende o nosso modo de vida. Ele não sabe distinguir um pedaço de terra do outro, já que é um estranho que chega de noite e toma da terra aquilo que necessita. A terra não é sua irmã, mas, sim, sua inimiga. Uma vez conquistada a terra, o homem branco segue seu caminho, deixando atrás de si, o túmulo de seus pais, sem se importar com isto. Trata sua mãe, a Terra e seu irmão, o Céu, como objetos que se compram e se vendem, como ovelhas ou contas coloridas.

Seu apetite devorará a terra, deixando atrás de si apenas o deserto.
Não sei, mas o nosso modo de vida é diferente do de vocês. A simples visão de suas cidades causa pena aos olhos do pele-vermelha. Talvez seja porque o pele-vermelha seja um selvagem e não compreenda nada.


Não existe um lugar tranqüilo nas cidades do homem branco, nem há local onde se possa escutar o abrir das folhas das árvores na primavera, ou o vôo dos insetos. Mas, talvez, isso seja porque eu sou um selvagem que não compreenda nada.

O ruído gratuíto parece insultar nossos ouvidos. Além do mais, para que serve a vida se o homem não pode escutar o grito solitário do noitibó, nem as discussões noturnas das rãs à beira dos alagados? Sou um pele-vermelha e não entendo nada.

Nós preferimos o sussurro suave do vento sobre a superfície de um lago, assim como o odor desse mesmo vento purificado pela chuva do meio-dia ou perfumado com o aroma de pinho. O ar tem um valor inestimável para o pele vermelha, já que todos os seres vivos o mesmo ambiente: o animal, a arvore e o homem, todos respiramos o mesmo ar.

O homem branco não parece consciente do ar que respira; como um moribundo que vem agoniando há muitos dias, é insensivel qo que lhe rodeia.


Mas, se lhes vendermos nossas terras, deverão se lembrar de que o ar nos é inestimável, de que o ar compartilha seu espírito com a vida que sustenta. O vento, que deu a nossos avós o primeiro sopro de vida, também recebe seus últimos suspiros. E se lhe vendermos nossas terras, vocês deverão conservá-las como coisa muito especial e sagrada, como um lugar onde até o homem branco possa saboerear o vento perfumado pelas flores das pradarias.
Por isso, consideramos sua oferta e comprar nossas terras. Se decidirmos aceitá-la, eu colocarei uma condição; o homem branco deve tratar os animais desta terra como seus irmãos. Sou um selvagem e não compreendo outro modo de vida.


Tenho visto milhares de búfalos apodrecendo nas pradarias, mortos a tiros pelo homem branco, de dentro de um trem em movimento. Sou um selvagem e não entendo como uma máquina a vapor pode ser mais importante que o búfalo que nos matamos para sobreviver.

Que seria dos homens sem os animais? Se todos os animais fossem exterminados, o homem também morreria de uma gande solidão espiritual. Porque o que acontecer com os animais, também acontecerá aos homens.

Tudo está entrelaçado.
Deverão ensinar a seus filhos que o solo é formado de cinza dos nossos avós. Enculquem em seus filhos que a terra está enriquecida com a vida e nossos semelhantes, a fim de que saibam respeitá-la.


Ensinem a seus filhos o que nós temos ensinado aos nossos; que a terra é nossa mãe. Tudo que acontecer a terra acontecerá aos filhos da terra. Se os homens estragam o solo, estragam a si mesmos.
Isto nós sabemos; a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. Isto sabemos. Tudo está entrelaçado como o sangue une a família.

Tudo está entrelaçado.
Tudo que acontecer a terra, ocorrerá a seus filhos. O homem não teceu a trama da vida, ele é só um elo; o que ele faz a trama, ele faz a si mesmo.
Nem sequer o homem branco, cujo Deus passeia e fala com ele de amigo para amigo, está isento do destino comum. Depois de tudo, talvez sejamos irmãos. Logo veremos.


Sabemos de uma coisa que talvez o homem branco descubra um dia; nosso Deus é o mesmo Deus de vocês. Voces podem pensar hoje Ele lhe pertence, do mesmo modo que desejam que nossas terras lhe pertençam; mas não é assim. Ele é o Deus de todos os homens e sua compaixão se divide por igual entre os peles-vermelhas e o homem branco. Esta terra tem um valor inestimável para Ele e, se vier a ser destruída provocará a IRA DO CRIADOR.

Também os brancos se extinguirão antes, quem sabe, que as nossas tribos. Contaminem o leito dos rios e uma noite morrerão afogados em seus proprios resíduos.
Porém vocês caminharão até a destruição, rodeados de glória, inspirado pela força do Deus que lhes trouxe a esta terra e que, por algum desígnio especial, lhe deu domínio sobre ela e sobre o pele-vermelha. Este destino é um mistério para nós, pois não entedemos porque se exterminam os búfalos, se domam os cavalos selvagens, se saturam os cantos secretos dos bosques com o hálito de tantos homens e se netulham a paisagem das clunas exuberantes com fios que falam. Onde está a mata? Destruida. Onde está a águia? Desapareceu. Termina a vida e inicia a sobrevivência.”

4 comentários:

  1. Átima, como sempre você nos surprende com temas agradáveis e leves. esse blog tá fazendo bem a todos.

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  2. querida é com muita satisfação que te direi que em quanto o mundo for egoista e pensar em si sempre havera alguem que penssarà em todos....bravo amiga!!

    temos que fazer prova de conhecimento, compreenção e paciencia sempre... pois é fazendo nossa parte que ajudamos ao mundo a melhora.
    asvatha ,frence 16.05.09

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  3. Olá, Atma, parabéns pelo blog. Tá bem interessante... Um abraço.

    Arthur Neto

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  4. parabens Atima, fico feliz em saber das suas preocupações com o meio ambiente e os povos indigenas, pois num momento em que vemos adestruição do nosso"habitat" natural e a quase extinção do indigena brasileiro, acho louvavel a sua atitude de publicar essa carta visto que a grande midia e bôa parte da sociedade esta se lixando pra isso.

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